Queijadas de Sintra II

SAPA II
Continuação do postQueijadas de Sintra I
“A tribo sapina que tem brotado como cogumelos em terreno fresco, alastrou-se a todos os pontos desde S.Pedro até à Vila, e forçosamente quem faz e vende queijadas, descende e pertence à tribo dos sapas que é mais conhecida do que a tribo de Israel, de modo que quem vende queijadas em Sintra são todos sapas ou sapos(...)”“Francisco José de Almeida,guia de Portugal,Um passeio de Lisboa a Sintra” 1880

A fábrica das queijadas Sapa na Volta do Duche em 1958 (foto cedida por Valdemar Alves)

Antiga inscrição da Marca Sapa (Foto cedida pelo blog Trans-atlântico)

A existência actualmente de dois locais em Sintra, que descendem do mesmo fundador das “Verdadeiras queijadas da Sapa”, é uma situação que tem a ver com decisões familiares, que provocaram neste caso uma separação do local de fabrico, e uma nova marca.

Embora o local oficialmente reconhecido seja o da fábrica da Volta do Duche, que reabriu recentemente, após obras de remodelação, desta vez com a gerência da filha de Francisco Barreto Neves, o antigo proprietário das “Verdadeiras Queijadas da Sapa”, Margarida Neves Soares .

Francisco Barreto Neves cedera o contrato de exploração desta casa há mais de trinta anos a uma sua sobrinha, Maria Fernanda Neves, que se manteve naquele local até há cerca de um ano.

E é Maria Fernanda Neves que é prima de Margarida Neves Soares , que neste momento e após a sua saída da Volta do Duche, que fabrica em S.Pedro as queijadas do "Avô Neves".


( Imagem cedida por Valdemar Alves )


A mesma imagem publicitária ,em português e Francês


Segundo ainda José Alfredo Azevedo;“não é possivel determinar dado o tempo decorrido , a relação de parentesco entre Maria Sapa de 1756 e os outros Sapas, também de Ranholas, e que ali fabricavam queijadas.Mas uma coisa é certa:eram todos daquela familia, que é oriunda daquele lugar.
Assim em meados do século passado (XIX), aparece em Ranholas uma Maria das Neves, casada com Manuel Antunes, ela da familia «Sapa» e que também fabricava o afamado doce.

Deste casal nasceram vários filhos e, entre eles, um que se chamou Francisco Antunes das Neves , que foi casado com a simpática «Tia Angelina»(Angelina da Conceição Neves), que foram avós do nosso Chico Neves (Francisco Barreto Neves).Fabricaram queijadas no referido lugar de Ranholas que,não há dúvidas , era a«pátria» dos «Sapas».

O conflito entre a familia Sapa

pressionar a imagem para ampliar(foto cedida pelo blog Trans-atlântico)


O Papel da embalagem das Queijadas da Sapa (imagem cedida por valdemar Alves)

Cronologia histórica das “Queijadas da Sapa”-Francisco Antunes das Neves que nasceu em 14 de Agosto de 1842 e faleceu em 6 de Maio de 1895, associou-se em 1870 com o sogro,Pedro Martinho e, de sociedade, fabricaram em Ranholas o apreciado doce.
-Mais tarde a Sociedade desfez-se e o Francisco Antunes das Neves passou a fabricá-las por sua conta com o nome de «Fábrica da Belas Queijadas da Sapa».

-Francisco Antunes das Neves em 23 de Janeiro de 1889 tirou uma licença para um veículo de duas rodas puxado por um cavalo e vinha para Lisboa Vender a Lisboa as queijadas que fabricava.
-Em 1890 Constrói o prédio na Volta do Duche

-Por morte de Francisco Antunes das Neves(1895) a fábrica tornou-se Viúva Neves & Filho- Angelina da Conceição Neves e o filho António Francisco das Neves.
-O registo da marca foi feito em 1912 a favor de Angelina Conceição Neves.
-Com a morte de Angelina C.Neves a 1 de Janeiro de 1947 a fábrica passou para o filho.
-o filho António F. Das Neves faleceu em 31 de Outubro de 1952, passando a Fabrica para o filho Francisco Barreto das Neves.
-Em 1959 é registada em 11 de Maio a designação do estabelecimento “As verdadeiras Queijadas da Sapa”
-Em 1974 Francisco Barreto das Neves confiou a fábrica a sua sobrinha MariaFernanda das Neves que durante mais de 30 anos garantiu a confecção das queijadas da Sapa.

- Continuação em próximos posts.



Fontes Consultadas:-“Queijadas de Sintra” de Raquel Moreira
-Obras de José Alfredo da Costa Azevedo –IV
-Jornal de Sintra
Agradecimentos:Fotografias emprestadas pelo blog “Trans-antlântico” e por Valdemar Alves








Comentários

Zé-Viajante disse…
Com este tema e agora depois de almoço vinha a calhar uma queijada (de qualquer marca, desde que boa).
Mas estou proíbido de tocar em doces.
Bom trabalho... e esperamos o resto.
Abraço
pedro macieira disse…
As queijadas tem histórias centenárias, que para um blog não são fáceis de sintetizar, espero que as próximas marcas, tenham menos divisões familiares.
Um abraço
Vagueando disse…
Também já andei a vaguear pelo tema e decidi escrever, sobre a SAPA e sobre a Casa do Preto.
Deixo as minhas histórias

https://classeaparte.blogs.sapo.pt/divagacoes-historias-e-estorias-sobre-8776

https://classeaparte.blogs.sapo.pt/divagacoes-historias-e-estorias-sobre-10090

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