O Centenário da República (VI)

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Terminamos hoje uma série de posts, sobre as Comemorações dos 100 anos da República Portuguesa . Hoje fazemos uma pequena abordagem à problemática das Bandas Filarmónicas - um fenómeno de grande importância cultural, que surgiu na sociedade portuguesa nos fins do Séc.XIX, e que se mantém pujante nos nossos dias, e o exemplo disso é o acontecimento musical que testemunhámos em Sintra na comemoração do Centenário da República.

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“Um dos fenómenos sóciopoliticos mais interessantes da sociedade portuguesa de fins do séc XIX é, sem dúvida, a proliferação das Bandas Filarmónicas.
Elas foram o refúgio, o esteio, a utopia e a festa das classes mais desfavorecidas e, ao mesmo tempo, mais conscientes.Por trás da Banda fermentou por Portugal inteiro o ideal. Libertário, socialista ou republicano apenas- facto é que através da Banda ou da fanfarra foram refinados os ingredientes que acabaram por derrubar a Monarquia.”
A.Martins Lopes , Jornal "Expresso" de 28 de Maio 1989

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Foto do espólio de Eugénio Germano Baptista -Director e Músico da Sociedade Filarmónica Euterpe de Benfica*


Comemorações do 1º Centenário da República em Sintra

O nosso amigo Carlos Santos - Caínhas, fez-nos chegar imagens das 11 Bandas e 500 Músicos na Vila Velha, durante as Comemorações do 1º Centenário da República em Sintra.

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Foto Carlos Santos -Caínhas

Também em comentário às comemorações do Centenário da República, Caínhas dá-nos uma deixa para o post de hoje:
“Muita gente não sabe que é aqui nas colectividades de cultura e recreio, e nas filarmónicas que a maioria dos nossos jovens, aprende música tornando-se muitos deles grandes músicos, uns profissionais, outros ficam-se pelo amor à música, mas estes verdadeiros conservatórios populares ainda perduram, e, ontem demonstraram-no.
Muita gente jovem, nos mais diversos instrumentos, muitos vão ficar pelo caminho, a experiência diz-nos isso.”

Também Joaquim Palminha da Silva em «Banda Filarmónica» se refere ao mesmo assunto:

“Um exemplo de uma variável actual (*1989) quase diriamos de características universais, é a constante desistência dos músicos iniciados, após uma breve fase de entusiasmo no seio da Banda Filarmónica.
E estes aprendizes, predominantemente do sexo masculino, ao abandonarem a Banda deixam-lhe vagas que parecem dificeis de colmatar. Curiosamente, estas são cada vez mais preenchidas por elementos do sexo feminino, que aparecem um pouco por todo o lado como executantes de Bandas Filarmónicas. Dir-se-ia que a mulher, relegada social e economicamente para uma posiçõa subalterna, acaba por vir a encetar as batalhas que o homem culturalmente parece dar como perdidas, ou que ele, entretanto, entende como secundárias, como tendo passado à história.”
*No Jornal "Expresso" de 28 de Maio de 1989
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Foto Carlos Santos -Caínhas

“Por exemplo, uma Banda Filarmónica não se descreve a si mesma; existe na realidade de um tempo e espaço regional, nomeadamente urbano, específico. O discurso da Banda Filarmónica é portanto, o da realidade, o da rua, do coreto de jardim.”
Joaquim Palminha da Siva «Banda Filarmónica»

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Foto Carlos Santos -Caínhas


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Foto Carlos Santos - Caínhas

*A Banda da Sociedade Filarmónica Euterpe de Benfica em 1911, banda que chegou a tocar em Almoçageme, no Grémio Republicano Musical, antecessor da actual Sociedade Recreativa e Musical de Almoçageme.

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