Porque hoje é Sábado...

ZimborioPPena1930blogue

Apeeie-me no Parque, mandei  esperar o cocheiro, e subi com um grupo de turistas a repetir a visita ao castelo.
(...)
Saimos por fim lá em cima, no zimbório e eu respirei fundo, reanimado. Ah, aquilo sim, aquilo é que era realeza, e da sempre-viva! Dedos apontados, os turistas esburacavam a tela da paisagem: Mafra, o Cabo da Roca, a barra do Tejo...
(...)
Nisto, resolvi trepar até ao cimo do zimbório, pela escadinha exterior, que é de dar vertigens. O cicerone opôs-se, declarou que não assumia a responsabilidade. Os outros visitantes ofereceram-me conselhos sensatos, que era um perigo, um pé em falso e zás...
Subi assim mesmo, quase de gatas.Era preciso ter unhas.E já não era a primeira vez.
Cheguei quase ao alto, sentei-me num degrau e fiquei  só.Ficar só, aqui não é ficar desacompanhado: é ficar recolhido, mergulhando raízes em alguma coisa mais do que o panorama que realmente me rodeava.(...)

Excerto do conto. "Regresso à cúpula da Pena" de José Rodrigues Miguéis

Foto: No zimbório do Palácio da Pena. em Setembro de 1930

Comentários

Graça Sampaio disse…
Lindo! Também já lá fui ao "pico", mas com tanto medo por causa do vento...
Pedro,

Bela passagem de um autor com várias referências a Sintra, mas quase completamente esquecido.

Um abraço!

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